Caminhando pela rua
Em plena noite fria...
Vi menino ranhento...
Perguntei quem era ele..
Me respondeu:
Sou filho do vento!
Ao ouvir tal resposta
Em seus olhos eu perguntei...
Cadê o vento?
E logo me respondeu:
Esposou-se da tempestade!
Com tamanha estranheza,
Perguntei...
Quem é ela?
Assombrou-me a resposta,
Ao ouvir na voz pequena,
Que a tempestade o botou no mundo
E o abandonou a própria sorte.
Ó que dura realidade do menino ranhento
Trás no nome o abandono
Por ser filho do vento
E ser parido da tempestade
Ao jogá-lo no relento.
Se fosse filho das pedras
Talvez tivesse onde aninhar-se.
Para passar as noites frias,
Em total calmaria,
Adormeceria em seus braços
Com a certeza de melhores dias...
Mas o menino ao afastar-se
De minha inquisição
Esticou na calçada
A ultima edição
Da coluna social
De um jornal em circulação,
Que trazia em suas letras,
Nas noticias do dia
Que o vento e a tempestade,
Amedrontam a humanidade
Deixando tamanha desolação.
Que estranha ironia!
O menino a agasalhar-se,
Nos escritos do jornal que falava do vento e da tempestade
Naquela noite fria?
E nas letras tingidas
Do jornal em edição,
Naquela noite fria
Estava o vento e a tempestade,
A agasalhar a sua cria.
Albertina de Mattos Chraim
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